Projeto com semente de moringa para filtrar água de rio será apresentado em Atlanta, em maio.
As estudantes Maria Eduarda Brandão, Sarah Fernandes de Oliveira e Ana Luiza Oshiro, com a coorientadora Felina Bulhões. Foto: Arquivo Pessoal.
Três estudantes da Escola SESI de Barreiras conquistaram vaga para participar da International Science Engineering Fair – Regeneron ISEF, considerada a maior feira de ciências e engenharia do mundo, que acontece nos Estados Unidos. As jovens foram premiadas na 20ª edição da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) e se credenciaram para integrar a delegação que vai representar o Brasil no evento internacional, em Atlanta, entre os dias 07 e 13 de maio.
Ana Luiza Oshiro, Maria Eduarda Brandão e Sarah Fernandes de Oliveira, da Escola SESI Ignez Pitta de Almeida, se destacaram na Febrace 2022 com o projeto Pastilha Filtrante de Moringa Oleífera, que teve orientação da professora Solange Dourado da Silva e coorientação da professora Felina Bulhões. Com a pesquisa, além da vaga para participar da Regeneron ISEF, elas conquistaram o 1º Lugar em Ciências Biológicas na Febrace, o Prêmio Sociedade Brasileira Bioquímica e Biologia Molecular (SBBq) e o Prêmio Destaque Unidades da Federação.
Os resultados foram anunciados sábado, 26.03, último dia da feira, que é promovida anualmente pelo Laboratório de Sistemas Integráveis (LSI) da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP). “Estávamos em videochamada e assistindo a live da Febrace ao mesmo tempo. As premiações foram anunciadas aos poucos e vibramos muito. Quando saiu o anúncio da Regeneron ISEF nem acreditei. Depois a ficha caiu e saímos contando para todo mundo”, lembra Ana Luiza Oshiro.
A ideia para a pesquisa surgiu a partir da preocupação das jovens diante da realidade de comunidades da região onde moram, no oeste da Bahia, que não têm acesso a água potável para consumo. Atentas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU e pensando em mitigar o problema enfrentado por essas comunidades, elas desenvolveram a pastilha e avaliaram seu potencial para o tratamento da água do Rio Grande, que passa pelo município. “A moringa é uma espécie muito comum aqui na região e a gente ouvia falar dos seus benefícios para a saúde e que também servia como filtro. Como aqui tem muitas comunidades ribeirinhas que não têm acesso à água potável, buscamos uma solução que fosse acessível”, explica Maria Eduarda Brandão.
Esta foi a segunda vez que as estudantes participaram da Febrace. O projeto Pastilha Filtrante de Moringa Oleífera também foi apresentado no evento em 2021, quando as estudantes ganharam bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) de incentivo à iniciação científica júnior. “O projeto ficou mais complexo. Com a bolsa e o retorno das atividades presenciais, no ano passado elas conseguiram usar os laboratórios da escola, fizeram testes físicos e de microbiologia, contaram com o apoio de um professor pesquisador de uma universidade aqui da região”, ressalta a coorientadora Felina Bulhões.
Agora, além de resolver questões como passaporte e visto para viajar pela primeira vez para fora do país, as três estudantes vão aprimorar o projeto e preparar o material que será apresentado em Atlanta. “Temos vários planos. Queremos fazer pesquisa de campo, levar o nosso projeto mais longe possível. Até o dia da viagem tem muito o que ser feito. Queremos levar um trabalho ainda melhor do que o que apresentamos na Febrace”, conta Sarah Fernandes de Oliveira.
Escola SESI na Febrace
Outro projeto na área de ciências da natureza teve destaque na 20ª edição Febrace. O estudante Felipe Silva Sacramento, da Escola SESI Djalma Pessoa (Salvador), pesquisou o potencial de extratos da folha do araçazeiro para combater a proliferação do mosquito Aedes Aegypti em recipientes de água parada e ficou com o 4º Lugar em Ciências Biológicas.
O projeto Avaliação do potencial tensoativo, larvicida e antibacteriano dos extratos vegetais da folha do araçazeiro (psidium sp.) no combate à proliferação do mosquito Aedes Aegypti em recipientes de água parada analisou flavonoides, ácidos fenólicos e saponinas presentes na folha do araçazeiro.
No total, oito projetos desenvolvidos por estudantes da Escola SESI foram apresentados na Febrace, todos desenvolvidos por estudantes do Programa de Iniciação Científica, um dos diferenciais da metodologia da Escola SESI. “Esse é o segundo ano consecutivo que um projeto desenvolvido por nossos alunos é credenciado para a Regeneron ISEF. Desta vez, foi uma equipe do interior do estado, o que mostra a força do nosso Programa de Iniciação Científica, que inclui alunos de diferentes regiões do estado”, ressalta o gerente de Educação Científica e Tecnológica do SESI Bahia, Fernando Moutinho.
O programa tem como objetivo incentivar o interesse pela pesquisa, fazendo com que os alunos aprofundem o conhecimento em suas áreas de interesse. “A iniciação científica me deu um olhar mais crítico, um espírito de cientista, de tentar enxergar soluções para os problemas do cotidiano”, destaca a aluna Ana Luiza Oshiro.
As três estudantes da Escola SESI Ignez Pitta de Almeida reforçam que ao longo dos anos, com a pesquisa, conseguiram desenvoltura para falar em público, melhoraram a capacidade de argumentar e debater, além de melhorar habilidades como trabalho em equipe e responsabilidade.
Aproximadamente 500 estudantes participam do Programa de Iniciação Científica, em escolas da capital e do interior. Este número vai aumentar em 2022, com a extensão do programa para estudantes do ensino fundamental. A perspectiva é criar cerca de 15 novos grupos de pesquisa em diferentes áreas do conhecimento.