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11/03/2022
Dia do Bibliotecário: A atuação do profissional em tempos de pandemia

O Dia do Bibliotecário é comemorado no dia 12 de março, em todo o país e foi instituído pelo Decreto nº 84.631, em 1980. A data é marcada em homenagem ao primeiro bibliotecário concursado do Brasil, Manuel Bastos Tigre (1882-1957), que atuou na Biblioteca Central da Universidade do Brasil durante 20 anos. Para exercer a profissão, é necessário ser formado em Biblioteconomia. O profissional da área, comumente visto nas bibliotecas, também atua em outros ambientes.

É certo que a pandemia mudou o estilo de vida das pessoas. Muitas profissões adaptaram as formas de atuação na tentativa de manter a normalidade; não foi diferente para esses especialistas. O que os bibliotecários da Escola SESI fizeram para continuar atendendo as demandas de pesquisas dos alunos?

Confira a entrevista completa com alguns profissionais da rede: Amilton Souza, da Escola SESI Djalma Pessoa (Piatã), Edinaira Cunha, da Escola SESI Comendador Bernardo Martins Catharino (Itapagipe) e Janivalda Deveza, da Escola SESI Reitor Miguel Calmon (Retiro).

 

 

O que não se sabe sobre o papel do bibliotecário? Em quais espaços o profissional atua, além da biblioteca?

 

R= Bibliotecário é um profissional liberal (bacharel, mestre ou doutor) que trata a informação e a torna acessível ao usuário final, independente do suporte informacional, que tem a responsabilidade de identificar a demanda de informação em diferentes contextos e levando em consideração a diversidade do público. Além de bibliotecas, ele trabalha em centros de documentação, empresas, escritórios jurídicos (organizando acervo e trabalhando na pesquisa sobre jurisprudência), pode gerir redes e sistemas de informação, gerir recursos informacionais e trabalhar com tecnologia de ponta.

 

Quais foram os desafios para o trabalho do bibliotecário com a chegada da pandemia?

 

R= Primeiramente, reunir todos os bibliotecários da Rede SESI Bahia de Educação, para dialogar e entender o momento, a fim de traçar as melhores estratégias para alcançar esses usuários e como levar os serviços da biblioteca para o ambiente remoto.

Passamos a nos reunir periodicamente para compartilhar ideias e ajustes necessários. Iniciamos novas ações e fortalecemos programas que funcionavam de forma presencial nas unidades e trouxemos para o formato remoto em rede, por exemplo: O Projeto Altos Papos, que era realizado mensalmente e a Semana Nacional do Livro e da Biblioteca, através do canal do YouTube da Escola e nas plataformas de ensino. Através do aplicativo Escola em Movimento, desenvolvemos novas ações, como:

  • Click&Leia, que favorecia o acesso a livros para leitura, observando o direito autoral, por diversão e aprendizagem. O objetivo era minimizar o impacto da ausência do acervo físico das escolas;
  • Que Som é Esse consistia no envio de músicas clássicas e suas respectivas histórias. A ação visou despertar o interesse pela música clássica no cotidiano dos alunos e de seus familiares, favorecer o aumento e despertar das emoções e ajudar no desenvolvimento do cérebro;
  • Informe-se Proteja-se: Envio de informações de fontes seguras sobre cuidados com a saúde mental, pandemia, zika, dengue etc;
  • Visita virtuais aos museus;
  • Olha o que está rolando: Envio de oportunidades gratuitas de cursos, concursos literários, encontros, peças teatrais, seminários, treinamentos, tanto para os estudantes quanto aos familiares.

 Tivemos boas receptividades em todos os serviços ofertados.

 

Hoje, com algumas mudanças no cenário pandêmico, como ocorre a adaptação do trabalho do profissional?

 

R= Na verdade, as bibliotecas e os bibliotecários passaram por um processo de se reinventar, não foi apenas adaptação. Migramos do ambiente físico para o remoto, em uma semana, mantendo o principal objetivo que sempre foi contribuir com o processo de ensino e aprendizagem dos estudantes e ofertando e entregando todos os serviços com qualidade. Fomos do ensino remoto para o ensino híbrido e agora, retornando ao 100% presencial. Estamos numa metamorfose, reaprendendo constantemente e estávamos com muita saudade de ter nossos alunos por perto. A sensação é de uma nova escola, com novos alunos e desafios.  

 

Existe alguma restrição para acesso às bibliotecas?

 

R= Como ainda estamos em pandemia, sim! A biblioteca, assim como os demais setores da escola, está trabalhando norteado pelo documento “Novos protocolos e rotinas nas escolas em tempo de pandemia”, que já está em sua 6ª versão.

Algumas mudanças ainda permanecem, como: Redução da capacidade total de usuário na biblioteca, o acervo permanece fechado, redução nas salas de estudo coletivo permanece, entre outras. Contudo, estamos vendo nossos alunos, dialogando com eles e realizando empréstimos. Isso é muito gratificante!

 

Diferente da internet, os livros não promovem fake news. Qual é a sua opinião sobre o acesso à informação no espaço digital?

 

R= Importante essas possibilidades múltiplas. Como dizem, o espaço digital é uma praça pública, onde se encontra de tudo. A maior questão é: Como saber se posso confiar no que cliquei e encontrei? Neste caso, o fundamental é realizar a pesquisa consciente, pois possibilita acesso a informações seguras e confiáveis para eliminar sites falaciosos e nesse processo, o bibliotecário é um “autor” que desempenha um importante papel, porque ele é o elo que pode ligar o usuário à informação segura.

 

Quais são as orientações de cuidados aos alunos, numa necessidade de pesquisa na web?

 

R= Devemos sempre orientar os estudantes para que utilizem sites com fontes confiáveis para executar a sua pesquisa online, como o Portal CAPES, SOMOS, GEEKIE, Scielo, Google acadêmico, Porta de Domínio Público etc, onde possam pesquisar literaturas acadêmicas, científicas, nacionais e internacionais, se atentando ao respeito à Lei de Direitos Autorais.

Sites abertos, colaborativos, como o Wikipédia, devem ser evitados para pesquisa científica, pois trata-se de conteúdo colaborativo, onde qualquer pessoa que queira contribuir com o seu ponto de vista pode acrescentar informações, sem que seja necessário algum tipo de respaldo, podendo as informações disponíveis serem afetadas por interesses pessoais.

A parceria com os docentes é uma estratégia utilizada nessa orientação, no instante das solicitações por pesquisas, onde disponibilizamos algumas dicas para que os estudos possuam referências seguras para o desenvolvimento do trabalho. É de extrema importância auxiliar o estudante nesse aprendizado, tornando-o autônomo e capaz de ser protagonista da sua educação continuada.

 

O acesso à internet reduziu a demanda de alunos nas bibliotecas? Se sim, isso preocupa? Por quê?

 

R= Não!  Por incrível que pareça, ainda que alguns desconfiem, os centros de informações nunca deixaram de ter uma demanda expressiva e significativa.

Segundo o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), o mercado editorial teve crescimento em vendas de livros em 32,7%, em 2021. Nas nossas escolas, temos um movimento de empréstimos domiciliar incrível, de acordo com os dados estatísticos de uma das nossas unidades escolares, SESI Piatã. Em 2019, foi realizado mais de 13 mil empréstimos de livros.

As demandas dos usuários mudam o tempo todo e cabe ao profissional adequar-se a elas. O suporte online/virtual veio para contribuir ao desenvolvimento de novas atividades prestadas pela biblioteca. Com o aumento do acesso à informação fácil e de forma desordenada, a busca pelo profissional da informação se faz cada vez mais necessária. Precisamos desmistificar a ideia “errônea” de que o livro digital substituirá o livro físico. Na estrada da leitura, eles caminharão em paralelo.

 

Com o avanço significativo das tecnologias digitais, nesta década, o que a celebração desta data representa aos profissionais da área?

 

R= Representa a ressignificação da profissão, a certeza que a educação continuada é de fato uma melhoria em todas as profissões. A saída do paradigma do acervo para o acesso. A matéria não é o livro, mas a informação e o produto é o conhecimento.