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23/03/2020
Escola SESI Bahia tem dois projetos selecionados para a maior feira científica júnior do país.

Projetos que irão à 18ª Febrace foram desenvolvidos nos laboratórios de Ciências Biológicas e Geografia das escolas SESI Djalma Pessoa e Reitor Miguel Calmon, de Salvador 

Dois projetos de iniciação científica da Rede SESI de Educação foram selecionados para a 18ª Feira Brasileira de Ciência e Engenharia (Febrace), que será realizada com transmissão pela internet, de 23 de março a 3 de abril, pela Universidade de São Paulo (USP). O evento é a maior feira científica júnior do Brasil. 

Participam da 18ª edição da Febrace 345 projetos finalistas, de 27 Unidades da Federação, com a participação de 761 estudantes e 510 professores do ensino fundamental, médio e técnico, de 295 escolas. A região Nordeste é representada por 25 projetos, dentre eles, os das escolas SESI Djalma Pessoa e Reitor Miguel Calmon. 

O projeto da Escola SESI Djalma Pessoa foi desenvolvido pela estudante do 3º ano, Gabriela Moraes Santana, na área de Ciências Biológicas. A partir da casca de ovo, ela conseguiu extrair um material para reduzir o custo da fabricação de próteses dentárias. Trata-se do projeto inscrito sob o nome Pônticos Dentários Confeccionados com Hidroxiapatita Produzida a Partir da Casca de Ovo da Gallus Gallus Domesticusorientado pelos professores Marcelo Barroso Barreto e Elbert Reis. Gabriela conquistou a vaga ao ser escolhida pela comissão científica do Encontro Jovens Cientistas, realizado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), vencedora do Prêmio Jovem na Ciência 2019.  

Outro projeto selecionado para a Febrace foi o de Mapeamento das Áreas de Vulnerabilidade em Encostas no Bairro de Bom Juá em Salvador, que será apresentado pelas estudantes: Aizile Santos de Jesus, Anne Meire Ribeiro Cardoso Santos e Cecília Damasceno dos Santos Rego, sob a orientação do professor Anderson dos Santos Rodrigues.  

O projeto utiliza uma Antena Quadrifiliar Hélix para contatar quatro satélites meteorológicos que orbitam a Terra, captando imagens da superfície e atmosfera de Salvador, em especial, do bairro de Bom Juá, foco da pesquisa. Além deste monitoramento, foi montada uma estação meteorológica que recebe dados climáticos. Com estas informações, é possível fazer previsões sobre o risco de deslizamento de encostas e alagamentos. 

O caminho seguido pela equipe da Escola SESI Reitor Miguel Calmon foi um pouco diferente. Eles se inscreveram diretamente para a seleção da Febrace e concorreram com mais de três mil projetos de todo o Brasil. Destes, 300 foram selecionados, sendo 59 da área de humanas, nos quais se inclui o projeto da área de Geografia da escola do SESI. 

 

INICIAÇÃO CIENTÍFICA 

As escolas do SESI têm atualmente em andamento mais de 40 grupos de pesquisa e aproximadamente 500 estudantes envolvidos em projetos de iniciação científica nas diversas áreas do conhecimento. O SESI Bahia incentiva seus estudantes a investirem em pesquisa, utilizando a infraestrutura das escolas da rede, todas dotadas de laboratórios voltados para as áreas de humanas e de exatas. A novidade é que em 2020 a Gerência de Educação do SESI lançará um edital interno que prevê a oferta de 50 bolsas de iniciação científica, distribuídas entre as escolas do SESI na capital e interior. Alguns estudantes da rede também são contemplados com bolsas do CNPQ, obtidas por aqueles que são premiados em feiras de ciências. 

  

Estudante usa casca do ovo na produção de próteses dentárias mais baratas 

Projeto de iniciação científica da Escola SESI Djalma Pessoa será apresentado durante a 18ª Febrace  

Gabriela Santana

A descoberta do gosto pela ciência surgiu ainda no ensino fundamental, mas foi na Escola SESI que Gabriela Moraes Santana teve a oportunidade de ampliar seu conhecimento no laboratório de Ciências Biológicas. A estudante do 3º ano da Escola SESI Djalma Pessoa, Gabriela Moraes Santana, diz que está realizando um sonho ao representar a instituição na Feira Brasileira de Ciência e Engenharia (Febrace) realizada pela Universidade de São Paulo. 

“Foi uma grande surpresa ter sido selecionada”, conta a estudante, que já decidiu que irá seguir uma carreira na área de saúde, voltada para a pesquisa científica. O projeto da estudante – Pônticos Dentários Confeccionados com Hidroxiapatita Produzida a Partir da Casca de Ovo da Gallus Gallus Domesticus – consiste em extrair hidroxiapatita da casca de ovo e produzir um agregado que pode ser uma solução bem mais barata do que a porcelana usada na fabricação de próteses dentárias.  

Orientador da estudante, o professor Marcelo Barroso Barreto revela que a proposta desenvolvida por Gabriela tem um forte cunho social. “Temos no Brasil 72% da população que não tem acesso a prótese dentária por conta do custo e esta pesquisa pode ajudar a encontrar uma solução mais barata e que amplie o acesso a pessoas de baixa renda”, revela.  

O professor lembra ainda que o projeto de Gabriela foi desenvolvido dentro da linha de pesquisa Ambiente Vivo e é uma iniciativa multidisciplinar que envolve as disciplinas de Biologia, Química, Física e Sociologia. Na Febrace, a estudante irá demonstrar as fases do projeto, desde a extração da substância da casca do ovo até a produção da prótese.  

  

Projeto de monitoramento do tempo ajuda a prever deslizamento de encostas em áreas de risco em Salvador 

Na Escola SESI Reitor Miguel Calmon, o projeto que conquistou uma vaga na 18ª Feira Brasileira de Ciência e Engenharia (Febrace) foi o Sistema de Monitoramento do Tempo (SMOT): Mapeando Áreas de Vulnerabilidade em Encostas no bairro de Bom Juá, Salvador-Ba. Três estudantes desenvolveram o projeto ao longo de 2019, quando estavam cursando o 3º ano do ensino médio: Aizile Santos de Jesus, Anne Meire Ribeiro Cardoso Santos e Cecília Damasceno Dos Santos Rego.  

Anne e Cecília contaram com uma bolsa de estudos do CNPQ para se dedicar à pesquisa. Já Aizile participou do projeto como pesquisadora voluntária. As três, segundo o professor Anderson dos Santos Rodrigues, acreditaram no projeto e conseguiram a vaga na Febrace. 

As estudantes competiram com três mil projetos inscritos na seletiva e conquistar a vaga teve um significado especial, como observa o professor Anderson. “Fazer ciências na área de humanas é um desafio grande porque, além de produzir conhecimento, o grande objetivo é fazer com que a sociedade, que no caso é a comunidade do Bom Juá, participe e se crie um elo com a comunidade e com as entidades competentes, e isso estamos conseguindo”, comemora o professor, que está em contato com a Codesal para a troca de informações, de forma a contribuir para o monitoramento do clima da cidade.  

O professor explica que o projeto de pesquisa que ele coordena na escola trabalha em duas frentes: o monitoramento do tempo e o mapeamento de encostas. Para isso, foi construída na escola uma antena que se comunica de forma analógica com quatro satélites meteorológicos de acesso livre à sociedade civil: NOAA15, NOAA18 e NOAA19, americanos, e o russo METEOR-M2. A partir das imagens captadas, os dados analógicos são convertidos em dados e os mapas são usados nos estudos de mapeamento e monitoramento.  

MONITORAMENTO METEOROLÓGICO 

Na prática, os satélites escaneiam a cidade e mandam sinais por ondas de rádio. Por meio de uma antena, o sinal de rádio é captado dos satélites e se transforma em imagem. “Conseguimos fazer a nossa própria previsão do tempo e conseguimos identificar quais partes do Bom Juá estão mais vulneráveis a deslizamentos e encharcamento (saturação) do solo”, explica o professor. 

O Bom Juá foi escolhido por ser o bairro de Salvador com mais encostas em risco e que também registra os maiores índices de chuva na nossa cidade, da mesma forma que o Retiro, Fazenda Grande do Retiro e IAPI. Além disso, está próximo da localidade onde a Escola SESI Reitor Miguel Calmon está inserida. Para conquistar uma vaga e poder representar a escola na Febrace, foram seis meses de pesquisa. Mas o projeto começou em 2017, nas oficinas tecnológicas que a escola desenvolve com os alunos, e foi crescendo. Atualmente, está caminhado para uma parceria com a Codesal para a troca de informações sobre o clima de Salvador. “Recebemos a visita de técnicos da Codesal na semana passada e esta cooperação vai ser muito boa para o nosso projeto e principalmente para o órgão municipal”, comemora o professor, lembrando que o projeto Sistema de Monitoramento do Tempo (SMOT) é na verdade uma estação meteorológica completa. 

“Fazemos a nossa própria previsão do tempo, mapeamento e estamos agora desenvolvendo a etapa de comunicação com a comunidade para fazer alertas. Para isso, vamos usar o Instagram e um site que ainda estamos construindo”, complementa o professor. A expectativa do grupo SMOT da escola é se tornar um hotpot, ou seja, um ponto de referência para os órgãos oficiais para fornecimento de dados. A perspectiva do grupo de pesquisa é trabalhar para assegurar a automação da estação. Anderson lembra que o grupo de pesquisa é um processo evolutivo, que visa expandir o monitoramento para outros bairros.  

EXPERIÊNCIA ÚNICA 

Fazer parte do programa de iniciação científica da Escola SESI foi para Anne Meire Cardoso Santos, 17 anos, uma oportunidade de crescimento, como estudante e como pessoa. “Sensibilizou meu olhar sobre a realidade de outras pessoas bem próximas de mim. Me fez sair da zona de conforto”, conta a estudante. Em relação à Febrace, o fato de ter sido selecionada foi uma festa, após uma maratona de estudos visando o evento científico. Mas o que ela achou mais interessante foi o aprendizado que ela vai levar para a vida. “A Febrace disponibiliza normas de comportamento para as apresentações, limitando trejeitos, vocábulos, então, pra vida acadêmica, visando nosso futuro, está sendo um aprendizado muito grande”, complementa. 

A diretora da escola, Eleonice Caldas lembra que o grande desafio em educação é fazer com que o jovem vivencie o conteúdo ensinado em sala de aula no seu dia a dia, na sua rotina. “E neste projeto, estamos falando de uma comunidade e de pessoas que vivem em áreas vulneráveis. Quando a gente traz esta relevância para a comunidade os alunos se sentem incluídos na didática. E para quem ensina isso é tudo: tem que problematizar trazendo conteúdo para nossa vida”, acrescenta a educadora. 

As estudantes que vão representar a escola na Febrace concluíram o 3º ano em 2019, mas continuam trabalhando para formar seus sucessores. Atualmente, há dois alunos seguindo os passos de Aizile, Anne Meire e Cecilia: Amanda Lins, aluna do 3º ano do ensino médio, que passou na seleção e conseguiu bolsa de iniciação científica júnior do CNPQ e Felipe Nazário, aluno do 2º ano. De olho no edital de bolsas que o próprio SESI vai oferecer aos seus estudantes, Anderson acredita que poderá mais na frente ganhar reforços na equipe de jovens pesquisadores.