Professores e alunos receberam suporte e acompanhamento da instituição
A pandemia do novo coronavírus pegou, literalmente, todo o mundo desprevenido. Na área da Educação, instituições de ensinos regular e profissionalizante fecharam as portas em todo o Brasil como uma medida de contenção do vírus e diminuição do contágio da doença. Com esse inesperado cenário, muitos gestores escolares tiveram que buscar saídas emergenciais para continuar as atividades, como o auxílio de suportes remotos de ensino e a introdução de novas metodologias, apoiadas em tecnologias digitais.
Nem os investimentos em tecnologias, realizados antes mesmo da pandemia, tornaram menos desafiadora a transição de metodologia de ensino na Rede SESI de Educação na Bahia. Foi necessário acelerar o processo para capacitar continuadamente professores, adaptar os mais de sete mil alunos à realidade das aulas remotas e a própria rotina acadêmica, com a rotina familiar.
“A nossa experiência em metodologias ativas com uso de recursos tecnológicos para os processos de ensino e de aprendizagem no contexto comum de aulas presenciais nos ajudou muito a dar resposta rápida e, já no dia 18 de março, estávamos com aulas remotas emergenciais para os estudantes. Claro que em um formato que foi aos poucos melhorando, principalmente com a capacitação de professores e ampliação das plataformas”, ressalta Cléssia Lobo, gerente executiva de Educação e Cultura do SESI Bahia.
As aulas remotas do SESI são realizadas com o auxílio de metodologias ativas, como sala de aula invertida, Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP), Aprendizagem baseada em problemas e gamificação. O aluno também encontra ferramentas disponibilizadas no Portal SESI de Educação, como o Office 365 da Microsoft for Education.
“A dinâmica da aula acontece nas salas de aula virtuais organizadas na ferramenta Teams. Nessa base, são postadas todas as informações pedagógicas, bem como organizadas as aulas on-line de todas as disciplinas. O acompanhamento da frequência também acontece nessa ferramenta e as entregas dos roteiros de pesquisas e tarefas. Os estudantes têm momentos de tira-dúvidas com professores através do chat e contato pedagógico e psicopedagógico por meio da plataforma. As avaliações também acontecem nas ferramentas como o Forms”, completa Cléssia Lobo, que destaca também o monitoramento aos estudantes com deficiência e com dificuldades de aprendizagem com atividades específicas e acompanhamento de uma psicopedagoga e dos próprios educadores.
Adaptação
Passados mais de cinco meses, educadores, coordenadores e alunos do SESI estão adaptados à nova realidade. A professora da unidade Candeias, Jaqueline Santos, declara que a pandemia mostrou que é possível acompanhar os seus quase 200 alunos do 7º e 9º ano do Ensino Fundamental, mesmo a distância.
“Estamos em constante processo de adaptação e no início tivemos que acolher ao máximo nossos alunos, pois toda essa mudança, com certeza, os deixou com dúvidas e receios. Hoje, já finalizando a segunda unidade, conseguimos visualizar grande avanço, estudantes mais organizados e adaptados a esse novo cenário. A coordenação tem sido um braço forte para cada conquista”, diz.
Porém, o processo de adaptação não foi fácil. O professor de física da unidade Reitor Miguel Calmon, Alcy Freitas, ressalta que nas duas primeiras semanas foi um desafio para estudantes, família e equipe escolar, mas que tudo foi mais fácil de enfrentar com um suporte adequado, como computadores e tablets, que foram disponibilizados pela instituição para educadores e alunos, conforme a necessidade.
“Foram oferecidos ainda cursos de aprimoramento do uso de ferramentas educacionais para professores. É importante destacar que existem ações da escola para ajudar nas questões emocionais dos estudantes e professores, que sofrem com a distância, por saudade dos amigos da escola, de sair de casa e a obrigatoriedade de se adaptar ao novo normal”, conta o docente.
O aluno Ícaro Aguiar, 17 anos, que está cursando o 3º ano do ensino médio, enxerga vantagens após o período de adaptação. “Encontrei grandes vantagens, como o aumento do tempo livre para estudar com uma maior intensidade. As ferramentas Microsoft que são disponibilizados pelo SESI para os alunos são fundamentais nesse processo. Através delas, os professores podem nos ceder materiais, instruções e atividades para nos auxiliar nesse momento”, declara.
Teoria e prática
O SESI Bahia também se destaca pelo diferencial de oferecer para os estudantes um programa institucional de robótica e iniciação científica dentro do currículo. Nestas aulas, a prática e a interação entre os alunos para desenvolver o sentido e fortalecimento de equipe são fundamentais. “Nas aulas de robótica educacional são utilizados aplicativos como o LEGO Digital Design (LDD), aplicativos para desenvolvimento de programação e o pensamento lógico. Já no ensino prático de pesquisa e iniciação científica, os alunos encontram ferramentas tecnológicas, como o Teams, além de atividades de pesquisa e desenvolvimento colaborativo em equipes de estudantes com orientação e acompanhamento dos professores”, explica a gerente executiva de Educação e Cultura do SESI Bahia.
Robótica
Para as aulas de robótica, os docentes têm disponível o programa MineCraft Education, no qual os alunos constroem de forma autônoma projeções e simulações de espaços reais no próprio aplicativo. Luís Henrique de Souza Cardoso, professor de 504 estudantes do fundamental II da Escola SESI Candeias, explica que a robótica educacional é uma disciplina que sempre traz entusiasmo aos alunos ao descobrirem novas construções, códigos e habilidades com senso de colaboração e compartilhamento de conhecimentos do início ao final da aula. Para ele, esta transição causada pela pandemia estimulou para uma modernização na educação.
“Com toda a certeza de um professor que trabalha com a cultura maker, pensamento computacional e metodologias ativas bem antes da pandemia, posso afirmar que as aulas remotas estimularam colegas e alunos que ainda não se sentiam à vontade com a educação 4.0 e agora já começam a vivenciar a educação 5.0, se sentindo confiantes e conseguindo perceber os benefícios dessa educação que abre portas para potencializar o ensino-aprendizagem dos nossos estudantes”, destaca.
Para Natalia Coelho de Jesus, 14, aluna de Luiz Henrique, com foco, organização e apoio da instituição de ensino, as aulas remotas passam a ser aliadas: “Eu não tenho o que reclamar da minha escola nessa questão do suporte, os professores e coordenadores muito prestativos, dando apoio e sempre tentando encontrar soluções para os problemas que podem surgir em algum momento”.
Iniciação científica
Para isso, as aulas de iniciação científica são realizadas por meio de videoconferências, chats e a construção remota de projetos e trabalhos em equipe, além da construção de portfólios, fóruns de discussões, aplicações de testes e oficinas virtuais. Esta integração entre atividades síncronas e assíncronas tem o foco de fazer com que os estudantes sejam protagonistas na construção do seu conhecimento.
Com cerca de 300 alunos, Susy Ferraz, professora do Grupo de Pesquisa Atividades Biológicas de Plantas Medicinais da Escola SESI Adonias Filho, em Ilhéus, fala que o grande desafio é achar maneiras que despertem o interesse dos estudantes e promovam entusiasmo. Para ela, o ensino remoto permite a aproximação do aluno aos conteúdos abstratos.
“Com a disposição da tecnologia se torna possível alinhar o cotidiano do estudante com a teoria dos livros, ou seja, é possível contextualizar e garantir o envolvimento do aluno já que está inserido na sua própria realidade, sendo estes considerados nativos digitais. A única forma de garantir que o processo de ensino e aprendizagem esteja sendo eficaz é quando você percebe que o aluno está motivado mesmo na ausência física do professor. Precisa fazer sentido para eles”.
Anderson Rodrigues, professor de Geografia e Iniciação Científica da Escola SESI Reitor Miguel Calmon, em Salvador, acrescenta que um caminho é estimular os alunos a discutirem assuntos do cotidiano. Um exemplo disso é o Projeto de Humanas, que, por conta do isolamento, os estudantes este ano foram desafiados a se reunir digitalmente em grupos de até 8 componentes e entregar projetos, como podcasts, reportagens e websites, com o tema A Mulher Negra.
“Conseguimos orientar nossos estudantes a realizar todas as demandas a distância e foi um sucesso: cada site mais criativo e elaborado que o outro, produções simplesmente incríveis, com excelentes entrevistas por videoconferência, resenhas críticas oriundas de artigos científicos, podcasts quase profissionais, bem editados e contextualizados”, elogia Anderson.
Com todo este aparato da Rede SESI, Amanda Lins diz ser um privilégio poder desfrutar do ensino proporcionado. “Eu me sinto extremamente privilegiada por estar numa escola que me oferece esse suporte, pois converso com vários amigos meus e eu sei que não só eles, mas também inúmeros estudantes não têm essa oportunidade. Afinal, eu converso com meus professores e coordenação via plataforma oficial da escola mesmo em horário oposto às minhas aulas”, enfatiza a aluna do último ano do ensino médio e que é orientada por Anderson Rodrigues em uma pesquisa do Grupo de Pesquisa Sistema de Monitoramento do Tempo.
Matéria produzida pelo Estúdio Correio, Correio da Bahia. Acesse AQUI.
Foto: Fernando Vivas